quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Onda





Em um ambiente escolar de ensino médio, na Alemanhã, Raines é um dedicado professor anarquista, mas que se vê em uma delicada situação onde agora terá que ministrar aulas de autocracia e regimes semelhantes, como a ditadura, o nazismo e o fascismo.

Os jovens alunos têm características comuns atuais, baseadas principalmente em uma cultura narcisista e consumista, onde também há as claras distinções e preconceitos com as relações sociais (os mais populares), e de classes econômicas (os mais ricos).
Diante do novo desafio, o dedicado professor, resolve iniciar o processo experimental onde dá início a um movimento nazifascista em plena sala de aula. Raines começa então a sugerir experiências autocratas para seus alunos, os quais refutam a idéia do professor no início, mas logo aderem à experiência, com exceção de Karo, e uma segunda amiga que se junta a ela mais tarde.

Os alunos começam a ter atitudes e reações que direcionam aos pontos iniciais de regimes políticos extremos autocráticos.
A ideia da formação de um grupo inspirado nas práticas e nos valores nazistas se torna cada vez mais iminente, o que faz Karo se sentir receosa de dar continuidade à experiência, fato que a torna uma ameaça para o grupo, e aos demais alunos aderentes ao movimento e às idéias daquele.

O poder dado e, por sua vez, exercido ilusoriamente por um único líder é a fonte de disciplina e o pilar da estrutura de um grupo que, muitas vezes, cegamente se apóia e se identifica. O mesmo líder que dita ordens expressas para aqueles que o seguem, e estes seguidores estão sempre dispostos a atenderem prontamente as ordens daquele que os manda.

É aí que se dá a concretização da renúncia da liberdade de tomar decisões por si só, e agora deixar-se guiar pelas idéias de um mestre único, um ditador.
Um exemplo fiel dessa lealdade a um ditador, e da adesão indiscutível de um membro do grupo, intitulado A Onda, é Tim.
Um garoto com uma vida social conturbada, sem apoio familiar, com poucos amigos na escola, e um alto grau de reprovação por conta dos demais colegas de classe, este se torna um adepto incondicional do movimento proposto pelo professor (líder), pois é no grupo que ele encontra abrigo para a resolução de seus problemas, fato que o torna intolerante para a aceitação de que seu professor, Raines, renunciara ao cargo de líder da A Onda, fazendo-o direcionar-se para a autodestruição. Suicídio.

O grupo parte dos pressupostos de que a união faz a força, juntos podem tudo, e que nada os venceria se juntos se mantivessem. Essa ideia de união se torna muito viva dentro do grupo, e se torna mais palpável à medida que a necessidade desta união se evidencia. Seja para excluir um membro que se tornou uma ameaça, ou para proteger seus adeptos e líder.

Este empolgante longa, baseado em uma experiência real ocorrida na Califórnia em 1967, e dirigido pelo brilhante Dennis Gansel, nos faz refletir involuntariamente em como um experimento tão inicialmente pequeno, poderia ter se tornado uma ameaça a liberdade individual de um povo, e o quão longe disso nós brasileiros poderíamos ou não estar. O fato, é que tal regime está muito mais propício a uma sociedade de raízes disciplinadas, o que, com base em nossa cultura social de carnavais, festas de rua, futebol, entre outros exemplos claros, me levam a concordar com aqueles que acreditam que nossa sociedade e bagunça cultural são bastante saudáveis para uma sociedade baseada em princípios de liberdade individual.

1 comentários:

  1. Parece muito bom
    Abraços,
    Leeo - @leeoBovi
    http://livrosougames.blogspot.com/

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