segunda-feira, 7 de maio de 2012

As Esganadas - Jô Soares

Sinopse: Rio de Janeiro, fim dos anos 30 e início do Estado Novo. Enquanto uma guerra estreita as relações internacionais, na atual capital do Brasil, um serial killer está à solta. Suas vítimas? Mulheres  jovens, bonitas e... Gordas. Sua arma? Irresistíveis doces portugueses, e uma crueldade requintada com toques gastronômicos. Ao final, o assassino expõe suas vítimas astutamente para a sociedade carioca, aterrorizando a população e escarnecendo das autoridades.

Resenha: Jô Soares trás de volta o Rio de Janeiro dos anos 30, onde Caronte, proprietário da maior empresa funerária do país, é também um singular serial killer, que motivado pelos traumas vividos pelos excessos gulosos de sua mãe gorda, busca eliminar qualquer indício que o faça relembrá-la, mesmo depois de sua morte.
Caronte, impulsionado pela obsessão de erradicar sua mãe gorda da memória, caça incansavelmente suas vítimas também gordas, pois refletem o que foi sua mãe e lhes lembram cada momento repugnante que vivera com ela. Depois de assassinar as rechonchudas vítimas esganadas com famosas receitas portuguesas, nas quais Odília, sua mãe, era mestre, Caronte as expunha em locais públicos, onde as pessoas pudessem desfrutar de suas memoráveis obras. Designado pelo chefe de polícia Filinto Müller, o delegado Melo Noronha, assessorado pelo auxiliar Calixto, pelo ex-inspetor português Tobias Esteves e pela bela jornalista Diana, da única revista ilustrada do país, inicia uma desconsertada, porém intrigante caçada pelo assassino das Esganadas.


Capa: Muito bem enquadrado é o desenho da perícia técnica que simula uma vítima gorda estabanada em uma ruela de pedra do Rio anos 30. Apesar de que o assassino não ficaria nada feliz em ver uma vítima desprovida de sua genialidade culinária, estando apenas estabanada em uma ruazinha qualquer sem o cenário devidamente construído para ela.

Título: Este fora muito bem empregado à obra. As Esganadas traduz exatamente o contexto da narrativa de Jô Soares. Expõe fielmente o tema central da trama, onde o prazer do assassino está em ver suas vítimas Esganadas, traídas pela própria Gula.

História: Uma trama digna de Jô Soares. A narrativa é impecável, trazendo desde bordões portugueses, aos mais populares brasileiros. Muitas vezes Jô faz uso de termos pesados para expressar uma ideia exatamente como quer. Não se acanha em pronunciar um palavrão aqui e ali, pois é exatamente o coloquial das ruas, casas e repartições brasileiras. Uma originalidade aterrorizante em descrever cada crime, cada assassinato. Para aqueles amantes dos romancinhos presentes em muitas histórias, irão se decepcionar com esta, pois aqui não há romance algum, talvez um ou dois beijos, mas nada que lhes cause a emoção que procuram. Dentre todas as sensações que a narrativa me proporcionou, ELA era a mais tentadora... A Fome. Qualquer um que leia, aposto algumas valiosas moedas, irá se deliciar em tamanhas receitas portuguesas de dar água na boca. Um verdadeiro cardápio da culinária portuguesa.

Personagens: Mello Noronha é o nosso delegado ranzinza que apesar de orgulhoso, possui um coração mole com seus subordinados, e o principal deles o obtuso e medroso Calixto, um policial parrudo que só tem tamanho, mas o cérebro e a coragem são desproporcionais a toda aquela musculatura que não intimida o barrigudo, baixinho e com um pomposo bigode português, Tobias Esteves, ex-inspetor da polícia portuguesa de onde fora afastado por atividades ilícitas e fraude. Colocando a má fama do ex-inspetor de lado, seu coração pulsa com mais vigor quando está perto da bela jornalista Diana, que diferentemente de Calixto, possui coragem de sobra, devido à experiência como jornalista no exterior. E o grande pilar que uniu todo esse grupo é o excepcional serial killer Caronte, desalmado e psicologicamente motivado matador de senhoritas com o adiposo excedido.

Jô Soares lança essa distinta quadrilha dentro do Rio de Janeiro dos anos 30, e lhes dá uma trama digna de uma excelente leitura com muitas gordisses, receitas, criatividade e um pouco de sangue.

Apenas um defeito me decepcionou na história... A forma de como o caso fora resolvido. Esperava uma reviravolta surpreendente e  inédita, mas me frustrei . Achei que houve um roteiro excelente pra um final pouco empolgante, talvez até precipitado.

Deixe que o Jô leia para você o Capítulo 1:



Em poucas palavras: Intrigante. Português. Guloso.

buon appetito :)

3 comentários:

  1. Eu amei a leitura desse livro. Consegui me divertir, me emocionar e dar muitas e muitas risadas. Para mim, Jô Soares é um dos melhores escritores cômicos do Brasil. Recomendo: O Xangô de Baker Street e Quem Matou Getúlio Vargas. Diversão garantida!

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  2. HAHAHAH, toda a vez que eu vou ler o nome desse livro eu leio: As enganadas kkkkkkkkkkk. mas, enfim.

    Você é muuuuito maldoso, falando mal de mim no meu próprio blog! eeeeitchaaa

    kkkkkkkkkkkkkkkk

    Beijinhos querido, e nao esqueci daquele almoço ainda heein? U.U

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  3. Sempre que vou na livraria eu vejo esse livro em destaque. Estou louca para ler. Já pude ter o prazer de conhecer Jô Soares como autor quando li "O Xangô de Baker Street" e "Quem matou Getúlio Vargas". Ele é ótimo.

    http://vitaminadepimenta.blogspot.com.br

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