sábado, 14 de maio de 2011

3096 DIAS - NATASCHA KAMPUSCH

DDemorei um pouco para ter certeza de que realmente queria ler este livro, aliás, se trata do drama que uma garota austríaca vivera por 8 anos (3096 dias).

Até que o ganhei de presente de um amigo, e comecei a leitura. Comecei a me envolver na história de Natascha Kampusch, que ao completar dez anos de idade resolveu ir para a escola sozinha andando, que ficava a algumas quadras do conjunto habitacional em que morava com sua mãe. No dia, ela resolvera por si mesma que deveria ir à escola, aliás, acreditava estar grande o suficiente para assumir a responsabilidade. Saiu de casa sem se despedir da mãe por causa do sentimento de raiva que a acometia. Jamais imaginara que não poderia voltar para se despedir.
No caminho para a escola, enquanto passava por um rapaz aparentemente de bom caráter, foi sequestrada pelo mesmo, que a jogou na caminhonete e a levou, sem motivos claros, para um porão em sua casa. O porão muito bem preparado mais parecia um bunker do que de fato um porão, com revestimento isolador de som, e um "gigante de concreto", como Natascha descrevera no livro, referindo-se à grande e espessa porta de concreto de 150kg que selava o lugar. Era impossível alguém ouví-la ali.
O inferno de Natascha estava apenas no começo. Ela conta os detalhes dos dias em que passou aprisionada no bunker. Nas mãos do sequestrador conhecido como Wolfgang Priklopil, na época engenheiro de telecomunicações na empresa Siemens.
Em todo esse tempo a que foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico, Natascha se concentrou em sobreviver e com essa vontade passa a conhecer e decifrar a mente doentia do solitário homem de 35 anos que a seqüestrara e roubara sua adolescência.
A escrita e a forma como Natascha conta me impressionou bastante. Apesar de todo o abuso, ela conseguiu se manter firme e perdoar o adulto que a mantinha em cativeiro. A mente de criança se desenvolveu dentro daquele porão, e se fortaleceu. Aprendera a domar o sequestrador na medida do possível. Do possível para a sua sobrevivência. Os sentimentos de Natascha expressos em cada palavra nos leva direto para aquele porão e nos faz viver e sentir o quanto fora doloroso os dias de aprisionamento que ela viveu. Em seu décimo oitavo aniversário, ela havia prometido que fugiria dali, assim como quando tinha apenas dez anos, ela tomou uma decisão. Estava adulta e aquilo deveria mudar. Em uma das tardes em que saíra para ajudar o sequestrador no jardim, enquanto ele se distraíra ao telefone, Natascha não hesitou, e fugiu. Correu sem olhar para trás, e pediu ajuda para um senhora, que chamou a polícia em seguida.
Ao ver sua família, e saber da morte de sua avó paterna há apenas dois anos, ela notara que sua vida havia escapado por entre os dedos. Teria que aprender a viver em um mundo totalmente novo e sem a presença do sequestrador que fora a única pessoa em sua vida por longos oito anos.
Wolfgang Priklopil deu fim a própria vida quando, depois da fuga de Natascha, se jogou na frente de um trem em movimento.
Natascha ainda é vítima de toda uma sociedade que trata seu sequestrador como um "monstro sexual". Porém ela afirma não ter sido abusada sexualmente por Priklopil, e o perdoou pelo que fez. Foi aí que a acusaram de ser vítima da Síndrome de Estocolmo, onde a vítima se identifica com seu sequestrador. Mais uma vez ela critica a sociedade, que por sua vez, tenta fazê-lo parecer mais "monstro" do que ele realmente foi, para poder enxergar-se no "lado bom" (os bonzinhos)...
Depois da leitura, e depois de ter me envolvido bastante com o caso de Natascha, eu tenho suas palavras como verdade. Quem melhor do que ela para contar o que acontecera dentro daquele porão por oito anos?
Não há de fato os "bons" ou os "maus", concordo que haja apenas seres humanos.

Uma leitura incrível...

3 comentários:

  1. Tu es um bom resenhista... :D
    gostei mt da sua resenha.
    tenho uns livros pra vc ler q eu adoraria ver seu ponto de vista... abração

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  2. òtima resenha... fui eu q comentei acima... eaheuhae :D tenho q te emprestar o livro do Fabio Brust pra vc resenhar... ele concordou.. :D

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  3. Vou esperar esse livro do Fábio Brust aí. E obrigado aos elogios, mas a resenha só está "ótima", porque o livro é indiscutivelmente incrível. Boa leitura.

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